Lembro-me com perfeita exatidão a primeira vez que o vi. Aquele menino tão doce e distraido. Me conquistara naquele momento, um sorriso meio torto e uma olhada para seus sapatos, seus cadarços desamarrados, será que ele andará por ai com o cadarço assim? Se ele estivesse tão distraido poderia tropeçar. Pensei mais de uma vez em ir alerta-lo de seu cadarço, mas preferi ficar ali, observando-o por algum tempo, tempo suficiente para que até mesmo aquele menino distraido percebesse. Me encarou com alguma vergonha, não podia mais somente observá-lo, queria ter contato, uma conversa, um passeio, um jantar romântico para depois, talvez. Minha mente sempre buscando o impossível. Aproximei-me com aquela conversa clichê de sempre: "Será que chove hoje?" Algumas palavras trocadas, um convite feito e o mesmo aceito. Um relacionamento duradouro, um casamento. Sinto falta daquele menino distraido que conheci. Hoje, ele está frio... frio como gelo e dele só sobrou aquele velho tênis. Mas, vou lembrar sempre do menino do cadarço desamarrado.
Aline Franz.
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